quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Aquele dia




Aquele dia o seu perfume me despertou.
E ao abrir os olhos, eu percebi
que aquele dia seria diferente.
Eu não veria os pássaros
e não enxergaria as flores.

Minha alma estava quieta
e meu coração partido em dois.
Você partiu.
E junto consigo levou o seu perfume,
os pássaros, as flores e o meu coração
que foi embora chorando.

Eu me levantei,
queria fugir daquela escuridão que me consumia.
Comigo ficou apenas
aquele vazio que você me deixou.
E na minha mente
pensamentos destrutivos lutavam
pra atingir a minha alma
que não falava.

E eu, fugitivo da minha própria escuridão,
seguia minha consciência,
que apenas me dizia:
Fique de pé!

E eu, soldado da minha própria guerra,
com feridas abertas e já calejadas,
buscava abrigo na minha mente,
para que depois que o bombardeio cessasse,
eu ainda ainda pudesse ver os pássaros
e ainda pudesse ver as flores.

Meu corpo apenas vagava,
com a minha alma calada
que apenas pensava
na metade que você levou embora.

Aquele dia não acabava,
nem bens materiais
e nem pessoas maravilhosas
traziam-me de volta o brilho nos olhos.
Pois só o que a minha alma queria
era a outra metade
que pra sempre pertencerá a você!

Então eu esperei, só e vazio.
Como a esposa que espera
o marido que foi pra guerra.
Como o marido que espera
poder rever a esposa que o espera.

Você chegou,
e então a minha alma sorriu,
mas as feridas abertas doeram,
e eu não vi os pássaros,
e eu não vi as flores,
e eu não senti seu perfume.

Na minha mente chovia muito,
era o meu coração
que ainda chorava.
E eu só via o fim...
E foi o fim daquele dia.


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